A cafeicultura baiana vive momento de expansão. A safra do café 2024/25 deve apresentar crescimento de 20% em relação ao ciclo anterior, totalizando 3,68 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O aumento é atribuído a melhores condições climáticas e expansão da área cultivada. A Bahia possui cerca de 133 mil hectares dedicados ao cultivo, o que coloca o estado como quarto maior produtor do Brasil e responsável por 8,2% da produção nacional.
E o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), vem atuado na articulação da cadeia produtiva do café em parceria com as câmaras setoriais. As ações envolvem a consolidação de uma rede voltada para a produção de grãos de alto padrão, com investimentos em modernização do sistema produtivo, assistência técnica, infraestrutura de comercialização e fortalecimento das cooperativas.
“O café é uma cultura estratégica para o desenvolvimento do estado e para a agricultura familiar. Por isso, trabalhamos de forma integrada, desde a articulação para o financiamento até a qualificação da produção, para que nossos cafeicultores tenham condições de superar os desafios atuais e aproveitar as oportunidades de um mercado cada vez mais exigente em qualidade”, afirma o secretário da Agricultura, Pablo Barrozo.
Apesar de uma conjuntura atual desafiadora para o café, em razão do ‘tarifaço’, o preço do grão segue valorizado em outros mercados. Cafeicultores estão investindo em manejo, insumos e mecanização da colheita para melhorar a produtividade. Há um movimento crescente de renovação das lavouras, com foco em aumento da produtividade e viabilidade da colheita mecanizada. As lavouras apresentam boa sanidade, com baixa incidência de pragas e doenças.
Indicação Geográfica marca novo patamar de qualidade
Um marco recente para o café baiano foi o reconhecimento, em 2024, da Indicação Geográfica (IG) do café da Chapada Diamantina, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A conquista abrange 24 municípios da região e garante certificação oficial de procedência e autenticidade, aumentando a competitividade no mercado nacional e internacional.
A certificação beneficia tanto produtores, que ganham diferencial competitivo, quanto consumidores, que têm garantia de autenticidade. Além de impulsionar a economia, as IGs fortalecem turismo, gastronomia e identidade cultural, abrindo mercados mais exigentes.
Barrozo destaca que a Seagri tem assumido um papel articulador da cadeia produtiva do café na Bahia, conectando os diferentes setores com as políticas públicas do Governo do Estado. “Nosso compromisso é estruturar um ambiente favorável à produção de cafés. Estamos construindo uma cafeicultura que gera renda, promove inclusão e posiciona a Bahia como referência nacional e internacional.”
A Cooperativa dos Cafeicultores da Bahia ilustra os resultados das políticas públicas estaduais no setor. A entidade passou por transformação significativa após receber investimentos em infraestrutura, equipamentos, insumos, assistência técnica, por meio do programa Bahia Produtiva, da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). O Governo também entregou equipamentos como Mercado Municipal e a Casa do Café em municípios produtores, espaços que fortalecem a comercialização local e dão visibilidade à origem e qualidade da produção baiana.
Competitividade do café baiano
Para o presidente da Associação dos Cafeicultores da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, a Bahia tem mostrado que sabe produzir café de excelência, e isso precisa envolver o estado e os produtores. “É importante o apoio do Governo do Estado para preservar a tradição da cafeicultura, especialmente aquela construída pela agricultora familiar. Ao mesmo tempo, precisamos preparar o café baiano para disputar mercados internacionais. O grande desafio agora é avançar em políticas estruturantes, fundamentais para enfrentar a seca e garantir o crescimento do setor”, destaca.
Os cafeicultores baianos contam ainda com linhas de crédito específicas disponibilizadas pela Desenbahia para financiamento, com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). No cenário nacional, o Ministério da Agricultura destinou R$ 7,18 bilhões do Fundo para a safra 2025/2026, com recursos direcionados para custeio, comercialização e capital de giro de indústrias e cooperativas.
Essas linhas de crédito impulsionam diretamente os produtores das principais regiões cafeeiras da Bahia, onde o cultivo tem forte peso econômico e características únicas. A produção se concentra em quatro áreas: Planalto, Chapada Diamantina, Cerrado e Atlântico. Entre os municípios com maior volume estão Itamaraju, Prado, Barra da Estiva, Porto Seguro, Barra do Choça, Itabela, Eunápolis, Vitória da Conquista e Ibicoara.