A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice da Comissão de Reparação, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), afirmou, nesta quinta-feira (20), que o Dia da Consciência Negra não pode ser tratado como uma data meramente simbólica, mas como um alerta sobre a desigualdade que continua marcando vidas negras. Para ela, “não existe democracia plena em um país onde a cor da pele ainda define quem vive, quem morre, quem trabalha, quem estuda e quem tem direito ao futuro”.
Ireuda destacou que os números confirmam, de forma incontestável, a persistência do racismo estrutural. Segundo o IBGE, 56% da população brasileira é negra, mas essa maioria permanece em condição de desvantagem: trabalhadores negros recebem cerca de 40% menos que trabalhadores brancos, e as mulheres negras continuam sendo o grupo mais explorado e invisibilizado do país. “Se a maioria é negra, por que a minoria continua ocupando os espaços de poder? Isso não é acaso, é estrutura”, afirmou.
A vereadora também fez duras críticas à violência racial, classificando-a como “o maior retrato da desigualdade no Brasil”. Dados apontam que 77% das vítimas de homicídio são pessoas negras, e que a mortalidade materna entre mulheres negras é quase o dobro da registrada entre mulheres brancas. “Quando uma mulher negra morre por falta de assistência, não é falha do sistema, é consequência direta de um modelo que naturaliza a negligência”, declarou.
Para Ireuda, Salvador tem responsabilidade histórica e política diante desse cenário. A cidade com maior população negra fora da África precisa, segundo ela, liderar o enfrentamento ao racismo institucional. “Não podemos admitir que, mesmo aqui, oportunidades sejam negadas, violências sejam ignoradas e vidas negras continuem sendo tratadas como descartáveis”, disse.
A vereadora chamou atenção ainda para a necessidade de coragem política: “Avançamos, sim. Mas não o suficiente para descansar. Quem acha que a luta acabou está fechando os olhos para a realidade. Não precisamos de discursos vazios, precisamos de ações concretas, orçamentos que priorizem a população negra, e compromisso real com equidade.”
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