Especialistas explicam as vantagens de governar com a maioria
Não precisa ser um gênio para saber que governar com a maioria é a certeza de uma gestão mais tranquila. Maior facilidade para aprovação de projetos, definição de orçamento e menos dificuldade quando se trata de negociação. Em Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador, quem tem a vantagem em um eventual mandato é o vereador Flávio Matos (União Brasil), que disputa o segundo turno contra o ex-prefeito Luiz Caetano (PT).
No dia 6 de outubro, no primeiro turno das eleições municipais, a base de Flávio elegeu 14 dos 23 vereadores que formarão a Câmara Municipal a partir de janeiro de 2025– sendo que cinco são do União Brasil. O ex-prefeito, por sua vez, conseguiu nove cadeiras do Legislativo, também com cinco do mesmo partido.
“Fica mais fácil (com a maioria) aprovar as propostas da prefeitura. É mais fácil, inclusive, na hora de definir, aprovar o orçamento. É mais fácil aprovar a negociação, que sempre existe porque os vereadores representam normalmente setores locais da sociedade, bairros, grupamentos, organização religiosa, organização de moradores”, explicou o cientista político Joviniano Neto, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Por outro lado, caso seja eleito, o petista precisará trabalhar com maior intensidade nas negociações e contar com mecanismos de pressão popular. “O governo Caetano teria que se abrir para incorporar demandas dos vereadores desses bairros. Ao mesmo tempo, um governo que não tem maioria na Câmara vai ter um esforço de mobilizar mais a opinião pública”, analisou o professor.
Os nove aliados de Caetano representam um terço da composição da Câmara, o que pode criar alguma dificuldade para um eventual governo de Flávio. Isso porque os correligionários do petista poderiam formar um número suficiente para emperrar votações e até derrubar vetos. Esse tipo de estratégia, diz o cientista político, dificulta a gestão. “Isso vai exigir uma negociação permanente (da possível administração de Flávio Matos)”, ressaltou Joviniano Neto.
Para a advogada Erica Teixeira, assessora jurídica junto ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), ter uma oposição forte, independente do lado político, é um ponto positivo no que diz respeito à transparência sobre as decisões do prefeito.
“Para a administração pública, no sentido do cidadão, é algo muito bom porque você tem alguém fiscalizando, um grupo com maior força política fiscalizando aquele que está atuando na gestão pública. Isso necessariamente exige que o trabalho do prefeito seja mais transparente, mais cobrado”, esclareceu.
No total, 12 dos 18 vereadores que tentaram reeleição foram reconduzidos. Foram eles: Dilson Magalhães Jr. (PP), Dr. Elias Natan (PSDB), Dentinho do Sindicato (PT), Dr. Samuka (PRD), Dudu do Povo (União Brasil), Herbinho (União Brasil), Ivandel Pires (União Brasil), Jamelão (Cidadania), Jamesson (PL), Manoel Filho (PL), Niltinho (PRD) e Tagner Cerqueira (PT).
Fafá de Senhorinho (União Brasil), Jorge Curvelo (União Brasil), Dedel Reis (PP), Deni de Isqueiro (União Brasil), Júnior Borges (União Brasil) e Vavau (PSB) ficaram como suplentes.
Atual prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (União Brasil) encerra o último ano de gestão, após comandar a cidade por dois mandatos consecutivos (2016-2020 e 2020-2024) com 18 vereadores da base na Câmara.
Aliados de Flávio
Dudu do Povo (União Brasil)
Herbinho (União Brasil)
Ivandel Pires (União Brasil)
Maurício Qualidade (União Brasil)
Jackson (União Brasil)
Luisão de Camaçari (Republicanos)
Dr Natan (PSDB)
Jamesson (PL)
Dr. Samuka (PRD)
Tarcisio Coiffeur (PSDB)
Manoel Filho (PL)
Niltinho (PRD)
Jamelão (Cidadania)
Manoel Jacaré (PP)
Aliados de Caetano
Tagner (PT)
Professor Márcio (PT)
Kaique Ara (PT)
Dentinho do Sindicato (PT)
Paulinho do Som (PT)
Sales de Val Estilos (PSD)
Dilson Magalhães (PP)
Vagner Bispo (PSB)
João Dão (PSB)
*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva
Câmara Municipal de Camaçari Crédito: Divulgação