Marcos Moura foi preso durante a Operação Overclean, acusado de liderar um esquema de fraudes em licitações públicas que envolvia recursos de emendas parlamentares
A Polícia Federal (PF) pretende oferecer um acordo de colaboração premiada ao empresário Marcos Moura, conhecido como “rei do lixo”, preso na semana passada durante a Operação Overclean. Moura é acusado de liderar um esquema de fraudes em licitações públicas que envolvia recursos de emendas parlamentares. As informações são do colunista da CNN Brasil, Caio Junqueira.
Investigadores e integrantes do governo federal avaliam que o caso pode se tornar uma “nova Lava Jato”, devido à extensão política das fraudes, que envolvem figuras influentes no cenário nacional. Como o vereador eleito de Campo Formoso (BA), Francisco Nascimento (União Brasil-BA), que é primo do deputado federal, Elmar Nascimento (União Brasil).
Marcos Moura é estreitamente ligado ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, que o indicou para o diretório nacional do União Brasil, partido do qual é integrante. Vale ressaltar que ACM Neto não foi alvo de qualquer medida da PF na operação, nem é investigado diretamente no inquérito. No entanto, seu nome aparece citado nos relatórios da PF. Em nota, o ex-prefeito afirmou que as investigações não encontraram “qualquer diálogo” seu nem “citação direta” ao seu nome, afirmando que “existem apenas inferências, que, ainda assim, não estão relacionadas a qualquer ato ilícito”.
O secretário de Educação da Prefeitura de Salvador, Thiago Dantas, também foi citado no inquérito da PF. Em nota, a gestão municipal informou que o secretário determinou a instauração de uma sindicância administrativa para apurar os fatos relacionados à Operação Overclean. “Pela ausência de qualquer sinal de envolvimento nos fatos apurados, o titular da Smed (Dantas) não foi alvo de nenhum dos mandados judiciais, cumpridos na última semana.”
“No mesmo dia em que foi deflagrada a operação, o servidor Flávio Pimenta foi exonerado pela Prefeitura de Salvador do cargo que ocupava na Secretaria de Educação”, afirmou o município.
Outro ponto de destaque nas investigações é a figura de Ana Paula Magalhães de Albuquerque Lima, identificada nos relatórios da PF como “Ana Paula Davi”. Ela seria chefe de gabinete do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e é apontada por empresários envolvidos no esquema como responsável por facilitar a liberação de emendas. A PF suspeita que Ana Paula teria atuado para viabilizar o fluxo financeiro ilícito nas prefeituras.
Além de Moura, a Polícia Federal também pretende firmar acordos de colaboração premiada com outros presos na operação, como os irmãos Alex e Fabio Parente, que ajudavam na operacionalização do esquema fraudulento. Documentos apreendidos durante a investigação indicam a abrangência nacional do esquema, com capilaridade em municípios de diversos estados. A suspeita é que em localidades com presença do União Brasil, o esquema estivesse mais suscetível à infiltração.
O modus operandi do esquema era simples: parlamentares encaminhavam recursos por meio de emendas para prefeituras, que, por sua vez, devolviam 10% do valor ao emissário das emendas. Segundo as planilhas apreendidas pela PF, o esquema movimentou mais de R$ 1 bilhão em todo o Brasil.
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