Otto Alencar também reclamou da politização no Congresso e cobra fim da reeleição
Após a Medida Provisória (MP) 1303, que propunha alterações na arrecadação como alternativa à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ter sido retirada de pauta na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (8), a deputada baiana Lídice da Mata (PSB) criticou a postura de parlamentares do Centrão e da extrema direita, que se uniram para barrar a medida do governo federal destinada a aumentar a tributação sobre grandes fortunas.
Segundo Lídice, a decisão evidencia a quem esses grupos realmente servem. “O que vimos foi uma clara demonstração de interesses. Quando se trata de defender os mais ricos, parte do Congresso se une rapidamente, mas quando é para garantir recursos para o povo, surgem as resistências”, afirmou a deputada.
A MP poderia gerar R$ 35 bilhões para investimentos em educação, saúde e programas sociais, resultado de intensas negociações entre o governo e os parlamentares ao longo de mais de uma semana. Mesmo assim, o acordo não avançou diante da resistência da base conservadora.
“É lamentável perceber que ainda somos minoria no Parlamento quando o tema é justiça social e distribuição de renda. A sociedade precisa estar atenta e cobrar que seus representantes atuem em favor da nação, e não de privilégios econômicos”, destacou Lídice.
A deputada também alertou para a mobilização popular e a memória do eleitorado nas próximas eleições. “Em 2026, o povo brasileiro precisa lembrar quem votou contra o interesse coletivo. É hora de escolher um Congresso comprometido com o desenvolvimento e com a redução das desigualdades”, concluiu.
O senador baiano Otto Alencar (PSD) também criticou a medida nas redes sociais. “Não estamos em ano eleitoral, mas só se fala em eleição, em politicagem. Ou o Congresso acaba com eleição de dois em dois anos e com a reeleição, aprovando a PEC de minha autoria, ou as crises recorrentes vão abalar a democracia”, escreveu ele.
Entenda
A estratégia do Parlamento foi deixar a medida caducar sem votação dos parlamentares. Para entrar em vigor, a MP precisava ser aprovada pela Câmara e pelo Senado até as 23h59 desta quarta-feira (8).
Partidos do Centrão, como União Brasil e Progressistas (PP), fecharam acordo para impedir a votação. No Palácio do Planalto, a avaliação é de que houve uma sabotagem articulada pela Câmara para inviabilizar o projeto. Após a confirmação de que a MP foi retirada de pauta, houve comemoração da oposição da Casa.
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