Bahia Brasil
segunda-feira 9 de dezembro de 2024

Kleber Rosa aponta racismo em Salvador nunca ter eleito prefeito negro

Candidato do PSOL à prefeitura avaliou que partidos têm “filtros racistas” que limitam opções negras

O candidato à prefeitura de Salvador pelo PSOL, Kleber Rosa, afirmou nesta terça-feira, 13, durante entrevista ao programa Isso é Bahia, da Rádio A TARDE FM, que o motivo para que a cidade nunca tenha eleito um prefeito negro é o racismo. De acordo com ele, durante a história, poucas candidaturas negras foram oferecidas pelos partidos políticos à população soteropolitana.

“A gente precisa entender o racismo com todas as suas facetas. Para o povo poder escolher, é necessário que ele tenha a opção, que seja lhe oferecida a opção. E esse filtro do racismo acontece antes. Os próprios partidos fazem um filtro interno, orientado pela estrutura psicológica e política racista, e impede que candidaturas negras se ofereçam para a população. Quando foi que um candidato negro esteve com condições mínimas de disputa real?”, questionou o psolista.

Lembrado das candidaturas, em 2020, da deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) e da policial militar Denice Santiago (PT), Kleber Rosa avaliou que elas não tiveram apoio total do grupo político, na época liderado pelo então governador Rui Costa (PT), que dividiu a base governista.

Além disso, o candidato do PSOL também apontou que o grupo do atual governador Jerônimo Rodrigues (PT) teve opções de pré-candidatos negros, como Olívia e também o vereador Sílvio Humberto (PSB), mas acabou escolhendo pelo vice-governador Geraldo Júnior (MDB).

“Quando Olívia Santana foi candidata, ela foi uma das diversas candidatas do grupo do governo. E nem foi a candidata principal. Então, mais uma vez, a gente percebe que, quando é para valer, o filtro acontece. Agora, por exemplo, o grupo do governo indicou um candidato, com a opção da candidatura de Olívia Santana, com a opção da candidatura de Sílvio Humberto, e as candidaturas foram vetadas”, sinalizou Rosa.

Para o candidato, porém, os filtros racistas dos partidos não explicam tudo. Segundo ele, o racismo também está no subconsciente das pessoas, que não têm exemplos de lideranças negras e acabam reproduzindo a ideia de que apenas pessoas brancas podem exercer espaços de poder.

“Isso não explica tudo, claro. Porque o racismo paira na cabeça das pessoas também. Existe, no imaginário popular, construído pela lógica racista, de que a imagem do negro não serve como a imagem do competente, do capaz, daquele que exerce o espaço de poder. Até porque isso não é comum ser visto e as pessoas se orientam muito pelo que veem. Então, o racismo paira na cabeça das pessoas e termina sendo um elemento de decisão eleitoral”, concluiu Kleber Rosa.

Kleber Rosa, durante entrevista ao programa Isso é Bahia, da Rádio A TARDE FM – Foto: Mila Souza | Ag. A TARDE

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